quarta-feira, 9 de setembro de 2009

SOCIEDADE INTERNACIONAL DE POETAS


No ano de 1874, Joaquim Maria recebeu uma carta que certamente o deixou muito orgulhoso. O remetente era o poeta francês Catulle Mendès e o assunto dizia respeito à fundação de uma espécie de clube literário mundial, que congregaria poetas e escritores de todo o planeta. Não se sabe ao certo como o francês descobriu o endereço de Machado de Assis, mas é provável que tenha sido através de Joaquim Nabuco, que se encontrava em Paris, onde deve ter conhecido Catulle Mendès, ou ainda através de Artur de Oliveira. A intenção do poeta era organizar uma filial na América Latina e ele deve ter sondado os intelectuais brasileiros que freqüentavam os círculos literários de Paris a respeito de quem seria a pessoa mais indicada no país para se desincumbir de tal tarefa. Naturalmente, fora ventilado o nome de Machado e Catulle Mendès logo lhe escreveu uma carta, explicando o projeto. Victor Hugo havia sido eleito presidente da Sociedade Internacional de Poetas e ele próprio ficara com o cargo de secretário-geral.

Machado de Assis entusiasmou-se com a idéia e logo procurou organizar a filial brasileira, entrando em contato com alguns poetas que lhe pareceram os mais representativos daquele período, como Joaquim Serra, Rosendo Moniz Barreto, Bittencourt Sampaio e Franklin Dória. Em carta a este, dizia:

“Meu caro amigo Sr. Dr. F. Dória - Precisava falar-lhe acerca de um assunto, que é todo relativo a poesia e poetas; em tais casos o seu nome é dos primeiros lembrados. Recebi uma carta do Sr. Catulle Mendès, distinto poeta da nova geração francesa, comunicando-me a existência de uma Sociedade Internacional de Poetas, sob a presidência de Victor Hugo, e já estabelecida na Áustria, Inglaterra, Itália e outros países; e convidando-me a iniciar aqui a seção brasileira. A carta veio acompanhada dos estatutos, que me parecem muito vantajosos para a poesia brasileira e seus cultores. Não sei se poderá fazer aqui o que o Sr. Catulle Mendès deseja; em todo caso precisamos entender-nos com alguns moços.”

Machado de Assis dedicou-se bastante a esta empresa, explicando aos poetas a importância de tal sociedade. Porém, todo o seu esforço foi em vão, pois o projeto não foi adiante no Brasil.

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