quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Carolina (3)



Carolina, esposa de Machado de Assis

      Sabe-se que Carolina era alta e tinha a pele muito branca, contrastando com os olhos e cabelos negros. Sua boca era fina, de traços horizontais e lábios pouco aparentes. Tinha o costume de falar baixo, quase sussurrando. Francisca de Basto Cordeiro diz que nunca a vira sorrindo e afirma que ela “dava impressão de mistério, como se tivesse sempre algo de grave a revelar”. Retraída, porém simpática em virtude da doçura que trazia nos olhos, Carolina era não só discreta, como uma mulher culta. Lúcia Miguel Pereira afirma que ela teria ajudado muito a Joaquim Maria, preenchendo-lhe as lacunas de cultura e até mesmo lhe corrigindo os textos. Esta afirmação não parece ser verdadeira, uma vez que, quando eles se casaram, Machado já era um escritor feito e não precisaria deste auxílio. Aos trinta anos, se Machado de Assis ainda não havia escrito nenhum de seus romances ou contos que lhe cobririam de glória mais tarde, a verdade é que ele já era um cronista experiente e pouco teria a aprender com sua esposa do ponto de vista gramatical ou estilístico. Que ela deve ter lhe ajudado no que diz respeito à colocação de um ou outro pronome átono não resta dúvida alguma. Carolina era a única pessoa a quem Machado mostrava seus originais, conforme ela própria afirmou: ele “não publica trabalho algum antes de dar-mo a ler”.

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